Era fácil rir de Zé Celso. O personagem chegava antes do artista: doidivanas, tagarela, bicha-louca, porra-louca.
Suas maiores contribuições foram nos anos 60 e 70. Quem assistiu o Oficina não esqueceu. Muita gente que entende garante que foi nosso maior criador teatral.
Se não, tá lá no panteão. Tadeu Jungle explica bem neste documentário sobre Zé Celso e o Oficina.
Eu mesmo nunca dei grande bola para Zé Celso. Nasci na década errada. Teatro, quem viu, viu; quem não presenciou jamais saberá o que era. Podia ter visto “Ham-Let” ou o que veio depois.
Mas na boa, quatro horas e sem hora pra acabar? Teatro apertado? Gente pelada? Pra ver o gênio de quarenta anos atrás?
Também nasci (cresci?) com a sensibilidade errada. Não gosto de teatro e sei que não gosto porque não vou. Se gostasse, ia. Encontro hora pra ver cem filmes e não pra assistir uma peça.
Preconceito zero e perda minha. Leio peças cada vez mais, nunca é tarde pra gente mudar. Até a morte, que muda tudo. Até como quem fica vê o morto.
Domingo passado papeei horas com um quase contemporâneo de Zé Celso, o pintor José Roberto Aguilar, 82 anos. Somos chapas improváveis. Aguilar me contou de recente visita a seu colega de Dante Alighieri e Kaos, Jorge Mautner.
Fiquei depois matutando, que geração foi essa? De onde veio o impulso para o aparecimento de uma turma de jovens assim, entre a caretice da direita e esquerda daquele Brasil? Nossos primeiros beats, hippies, profetas da contracultura?
Imagine ser filho de vereador em Araraquara nos anos cinquenta, ir estudar direito na São Francisco e se transmutar no Zé Celso.
Olha ele, que foto foda lá no alto. Saca a cara da criatura, existencialista com toda razão, sonhando o impossível que criaria, certeiro e festeiro.
Essa galera fez e faz um bocado. Porra-loucas? Também. Problema? Pra quem?
Em uma cidade em que tudo é trabalho, métrica e grana, Zé Celso se preocupava com performances de outra natureza. Mas entregava, porra.
Ninguém como ele - nosso paulistaníssimo, insubstituível pajé.
UM MINUTO PRO COMERCIAL
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Eu vi e vivi muito os anos 70 (a segunda metade, já como integrante de uma trupe de teatro amador. Aprendi muito, com muita gente. Nos anos 1980 eu ia até mais ao teatro. Ele, Zé, e outros tantos, me ensinaram que tudo era possível quando você metia as caras pra fazer. Meu impossível foi ter autorização de Millôr para encenar Computa, Computador, Computa com meu grupo de teatro amador.