“Tár”: Cruella no reino dos cabeças
Por que o fracasso rende aplausos da crítica e prêmios para Cate Blanchett
Intelectual? Elegante? Curte música clássica? Fala empolado? É vilão. Regra imutável de Hollywood. Se tiver sotaque melhor, passa recibo.
Lydia Tár domina à perfeição o alemão. É clara herdeira de Hans Gruber, Alan Rickman chiquetésimo em “Duro de Matar”: outra atualização do oficial nazi de anedota. O pérrrfido corrronel das antigas matinês era efeminado e sádico. Lydia, o espectador é informado logo de início, é lésbica e crudelíssima.
Questiona um aluno seu na própria sala de aula. O jovem é mestiço e bissexual. Usa argumentos identitários para rejeitar Bach. Lydia o tortura verbalmente, humilhação pública.
Logo descobrimos que Lydia usou e usa talento, dinheiro e status para avançar na carreira e para conquistas sexuais. Difícil imaginar crimes mais repulsivos para o público americano de filmes de arte, o nicho almejado pelo escritor e diretor Todd Field. Pior, nem se a infame pelasse dálmatas.
E não há à vista mocinha para peitar a manipuladora maestrina! Na redação de “Vogue” seria uma Anne Hathaway, talvez hoje Jenny Ortega?
É explicação prática para o fracasso de bilheteria de “Tár”, renda global de U$ 12 milhões contra um orçamento de U$ 35 milhões. São comuns os filmes em que o vilão é mais carismático que o herói. Citemos “O Silêncio dos Inocentes”, já que Hannibal Lecter não destoaria em um concerto regido por Lydia.
É raro filme de “bem versus mal” sem herói - lembras de algum fora “Coringa”? Mas aí ele era o bem e o mal também.
Outra explicação para o flop é que “Tár” demora mais que o suplício chinês da gota d’água na testa. Suas pseudo-profundidades (silêncios! ângulos criativos!) não tornam menos previsível a punição que aguarda nossa Malvina Cruella. Sua própria arrogância e falsidade causarão a queda. Oh, a ironia do destino!
Temos um momento pseudo explicando as origens “psicológicas” da velhaca e, enfim, o fim. Lydia pagará os pecados exercendo seu inquestionado brilhantismo no inferno dos cinéfilos cabeças: um gueto geek no Terceiro Mundo. A torcida vibra: mereceu, malvada!
Cate Blanchett ganhou um bocado de prêmios e tem enormes chances de papar o Oscar. Faz sentido, tem prática no papel.
Outro dia mesmo atanazava Thor e Hulk como Hela, a deusa nórdica da morte. E em 2008 viveu uma vilã bem parecida com Lydia Tár: a cientista com poderes psíquicos, karateca, esgrimista e favorita de Stálin, Irina Spalko, em um filme muito mais verosímil que “Tár”: “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”.
Gerson, o André já havia dito que escreveria do jeito que desse na telha. Às vezes pode ter começo, meio e fim. Às vezes não, e esse parece um brainstorming sem filtro. And I Like It, Like It, Yes I Do!
Que texto desconexo. Vai de lugar nenhum pro lugar nenhum de volta e de novo e de novo. Não argumenta sobre o filme. Depois faz citações desconexas que não explicam nada sobre o motivo de filme ser chato, etc. verborragia com hemorragia gramatical. Ao menos é engraçado, o que contrasta com o filme pedante… 😆