A criatura em seu habitat natural, o estúdio. Foto da Nina Becker
Uns meses depois da morte do Miranda recebi mensagem da Bel Hammes, mulher dele. Começava a se desfazer do prodigioso acervo do marido - de música, filmes, livros, bonecos. Já separara o que tinha mais valor emocional pra ela, e o que fazia questão de guardar pra filha deles, Agnes.
Não fazia ideia de como fazer preço na biblioteca, uns 80% quadrinhos. Bel sabia da nossa paixão conjunta por gibi. Fato e sempre conversamos muito mais sobre HQ do que sobre música, desde, sei lá, 1990?
O coração desse lado do telefone apertou. Pudera eu ser milionário e manter tudo reunido, manter o amigo vivo em suas escolhas, no que lhe deu prazer, no que modelou sua visão de mundo, no que influenciou seu trabalho. Queria eu que o Brasil fosse um lugar onde institutos, bibliotecas ou universidades valorizassem acervos assim.
Mas nem um, nem outro. E a vida é assim mesmo, os vivos têm que cuidar dos vivos. Um ano depois eu mesmo desmontar…
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