Palestina, Israel e a esquerda realista
Uma conversa complexa e pragmática sobre o possível e o necessário
Peter Beinart promoveu um papo provocativo em sua newsletter. É entre dois ativistas de esquerda americanos, respectivamente de origem palestina e judaica. Ahmed Moor, co-editor da revista After Zionism, e Joshua Leifer, editor contribuinte da Jewish Currents e conselheiro da veneranda revista Dissent.
A íntegra é só pra assinantes. O Guardian publicou um resumo caprichado.
Ambos são críticos de Israel. Ambos são críticos do Hamas. Nenhum vê solução que exclua dialogar com Israel ou o Hamas. Posição que não conforta nem eletriza lado algum, não rende votos nem palavras de ordem.
A conversa não simplifica, não alivia, não moraliza. Ambos ressaltam a complexidade histórica e atual da relação Israel-Palestina.
Também partem de premissas pragmáticas. Pragmáticas no limite do impossível. Talvez além.
Moor:
Eu não acredito em um estado judeu. Acredito num Estado composto por iguais, sejam eles seculares, judeus ou hindus, quem se importa.
Acredito na democracia liberal, que é um ponto de vista em desacordo com a Irmandade Muçulmana e alguns segmentos do pessoal do Hamas.
Leifer:
Falamos da Argélia, falamos da África do Sul – não falamos da Iugoslávia. Da tentativa de forçar uma coexistência multiétnica num lugar onde há muito pouco desejo popular por isso.
Todos nós que estamos aqui na diáspora queremos esta solução de um Estado único que, em teoria, seria excelente e seria moral. Mas dada a realidade de onde está a opinião pública israelita e a política israelita, não creio que seja realista neste momento.
O final é dolorosamente realista. Lido, não dá pra ignorar estas palavras. Moor:
Se matarmos 100 mil palestinos ou meio milhão de palestinos, não erradicaremos o Hamas e as ideias que sustentam o movimento político do Hamas…
E assim, apesar do que Joe Biden e Antony Blinken dizem, em algum momento, da mesma forma que você tem que lidar com o Likud e o Shas [partidos israelenses de direita] e o Haganah antigamente – você tem que conversar com o Hamas.
Se não for esta versão do Hamas, então a próxima iteração ou a seguinte.
Vale ler tudo.
Triste, mas bem isso. Qual a saída: um Estado, dois povos?
Quem começa o diálogo?
Só desejo que parem de matar pessoas, crianças. É inaceitável.
Tomara que encontrem outras lógicas para a almejada paz!