Leio um Shakespeare novo a cada ano. Economizo que é pra não acabarem antes da hora. Não que as revisitas sejam sofridas e muito pelo contrário.
Começo hoje Twelfth Night. Ouço que é farra boa e farei render.
2023 está sendo bem Shakespeareano até aqui, apesar da minha política restritiva para inéditos. As 814 páginas de “Genius”, em que Harold Bloom elencou em 2002 cem destes que já não viviam, estão encharcadas do velho Will, seu ídolo máximo, que aliás morreu bem mais moço que eu, 52.
Bloom escreveu quatro ensaios longos sobre personagens especialíssimos; em 2023 li sobre minha adorada Cleópatra, Iago ficou pra 2024. E Bloom cita novela de seu chapa Anthony Burgess em que Shakespeare e Cervantes se encontram. Comprada.
Em semana de folga que se avizinha, recomeçarei da primeira página a biografia feita pelo incomparável Peter Ackroyd, arquitetura ambiciosa e atmosfera citadina, construção elizabetana de cair o queixo e tapar as narinas.
Por que ler Shakespeare? Carlyle respondeu como ninguém:
“If I say that Shakespeare is the greatest of intellects, I have said all concerning him. But there is more in Shakespeare’s intellect than we have yet seen. It is what I call an unconscious intellect; there is more virtue in it than he himself is aware of.”