É fácil criticar o U2 - e Bono.
Fácil e necessário. A banda reúne algumas das características mais zoáveis que você pode encontrar em uma banda, celebridade, entidade corporativa.
E outras, puxa, positivas. Escrevi sobre esse passeio pelo fio da navalha lá por 2013 para a, caramba, “Bizz”, na sua última fase, dirigida pelo Ricardo Alexandre. Se achar o texto, publico aqui outro dia.
O maior crítico do U2 terá que rebolar bem para negar a inegável sensibilidade pop dos irlandeses. Eles têm olho e ouvido e instinto.
Pop no sentido amplo. Para a criação e o comércio. Pop no sentido político e social. Eles já inspiravam e faturavam com todo esse papo de “propósito” quando os gurus ESG de hoje não eram nem nascidos.
Em música, nem se fala.
Não à toa são muito fãs de Abba. Aqui estão Bono e The Edge, em vídeo novíssimo, reinterpretando acusticamente “S.O.S.” para a BBC. Falam do quê? De amor e da Ucrânia, da velhice e da obsessão, do rock e do pop e do que for urgente para você. Help me if you can, I´m feeling down.
E aqui estão eles três décadas atrás, tocando “Dancing Queen” junto com Bjorn e Benny e pagando o maior pau para os mestres. “Essa é certamente uma das noites mais surreais da minha vida”, diz Bono, emendando com “Satellite of Love”. “We are not worthy”, diz ele.
É. A gente não recebe da vida o que fez por merecer - nem pro bem, nem pro mal. Às vezes só resta pedir socorro.
É por essas e outras que essa banda pode ficar anos sem lançar nada, e mesmo assim ainda é relevante
Maravilhoso!