Minha amiga que entende profundamente de artes plásticas tem horror de Salvador Dali. É questão estética e pessoal, pacote completo.
Dali parece ter sido um sujeito bem desagradável. Mas eu não tenho que conviver com ele. É inegável sua conivência com poderosos do pior calibre, como o ditador do seu país, Francisco Franco. Mas isso é passado distante e tanto Franco quanto Dali estão mortos.
É difícil pra muita gente inteligente dissociar caráter de criação. Pra mim não. Por quê? Não faço ideia. Já vi várias exposições de Dali, visitei a casa-museu dele, pago o maior pau.
Tá cheio de gênio canalha por aí, fato inegável. Nem me ocorre abrir mão da genialidade porque a criatura disse ou cometeu essa ou aquela barbaridade. É só mais um elemento pra tentar decifrar cada esfinge. Ou simplesmente deixar pra lá, o que me é fácil.
Permito liberdades aos gênios e aos mortos que jamais aceitaria de gente normal que tá aprontando por aí. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
Salvador Dali podia arrotar o reacismo que quisesse, mas seu gênio era libertador. Até em um cartaz de propaganda das ferrovias francesas (!), como este de 1969.
Se você entra no trem de Dali, arrisca não descer nunca mais.
A Barra do Sahy continua sem água e sem eletricidade. Muita gente passando necessidade. Se você pode, deve ajudar, doando para o Instituto Verde Escola, no epicentro da tragédia.
Obrigado!
Tema interessante e que sempre me instigou. Uma vez fui fazer um elogio ao grande poeta Manoel de Barros para uma colega do mestrado aqui no Pantanal de Cáceres (MT). Ela, do Pantanal de Corumbá (MS), o rechaçou me relatando que o poeta assediava sua empregada e que ouviu histórias sobre isso lá, onde ele vivia. Fiquei chocado e um tanto desconfortável com isso. Mas a obra do poeta continua bela para mim, e os livros na estante. Tudo que sei (ou acho que sei!) me foi dito nessa conversa informal.