Francisca, amor infinito
Cresci paparicado por velhinhas. Ou assim me pareciam, menino. Algumas estariam na casa dos cinquenta, talvez sessenta.
É poderosa parte da minha infância, as conversas, os aromas, o carinho. Minha mãe pensava muito no bem-estar dos outros. Ligava regularmente para quem morava longe. Fazia umas visitinhas pra quem estava perto e levava o filho único junto.
Essas memórias vão de uns quatro, cinco anos até o início da adolescência, quando tudo muda e fugimos desesperados das obrigações e prazeres da meninice.
As tias Cacilda e Eudóxia moravam em um dos poucos prédios de Piracicaba. As duas viviam com a mãe, minha bisavó Pura, espanhola de Granada, que cheguei a conhecer; pouco lembro dela.
Irmãs solteironas do meu avô Rui, professoras primárias, não podiam ser mais diferentes. Tia Eudóxia era brava, católica fervorosa e sarrista. Tinha uma melhor amiga, Vica, absolutamente submissa a ela, relação homossexual platônica que meu pai psiquiatra deixou clara para mim, m…
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