Como a revista Herói mudou a nossa vida
Porque os Cavaleiros do Zodíaco e o Super Mario não me deixam esquecer
Eu criei uma revista que vendeu mais que a Veja. Isso mudou completamente a minha vida. E felizmente mudou a vida de muitas outras pessoas. Para melhor.
Eu tinha 29 anos. Era empresário há um ano. Tinha largado um bom emprego para fundar uma editora. Gastei todo meu pouco dinheiro nisso. Estava quebrado.
E aí a oportunidade bateu na minha porta, e eu agarrei a danada e dei um beijo na boca dela.
A primeira edição da Herói foi lançada no dia 26 de dezembro de 1994. Está pra fazer 30 anos. Mas tá sempre viva essa história na minha vida. Está no cinema, com esse filme tosquêra dos Cavaleiros do Zodíaco e esse filmaço do Super Mario.
De lá para cá fundei empresas, lancei revistas, publiquei livros e quadrinhos, inventei sites e promovi eventos e dei consultoria e sei lá mais quanta coisa. Dei cabeçadas doloridas e fiz uns gols de placa.
Espero hoje ser mais seletivo e eficiente, como exigem as cicatrizes de tantos anos empreendendo no Brasil. Sigo aprendendo à beça e na melhor companhia, porque é assim que o trabalho vale a pena. Você pode saber mais sobre o que faço profissionalmente no site da Compasso e acompanhando o canal e comunidade Homework.
Claro que eu não "criei" a Herói. Eu fui e sou o pai da criança, com muito orgulho. Ninguém passou mais horas com a Herói, se preocupou mais com ela, amou mais a Herói.
Mas quem criou o guri foi o Mauro, o Carlos, o Franco, o Juneca. E o Rogério. E o Marcelo e Amélia e Adriana, o Nagado e o Thales e Renata e… uma família enorme, que merece ter sua história contada.
Pois foi. Publicamos um livro sobre a Herói em 2014. Escrito pela Arianne Brogini, que foi editora da revista, comigo junto, e trazendo depoimentos da galera que fazia e lia a revista.
Esgotadíssimo. Difícil achar, inclusive nos sebos virtuais. Quem tem não vende. Uma hora relançamos.
A revista foi um dos maiores fenômenos editoriais dos anos 90. Vendemos uns 12 milhões de exemplares em um ano, saindo literalmente do nada. Uma edição teve tiragem de 350 mil exemplares. Juro.
Lembro exatamente de quanto eu dinheiro eu tinha quando comecei a editora: doze mil dólares, economizados do meu salário como editor da Bizz. Era toda a grana da empresa. Dinheiro suficiente em 1993 para comprar um carro popular. Acabou em três meses.
Foi de dar orgulho e vertigem. Quem viveu não esqueceu. E muita gente que cresceu lendo a Herói hoje está por aí fazendo muita coisa interessante - e, acredito eu, com fé no poder das histórias, e de criar a sua própria história.
Meu amigo querido e grande parceiro na Herói, Mauro Martinez dos Prazeres, que não está mais por aqui, me disse uma vez em 1995: "daqui vinte anos vai ter no Brasil uma geração que aprendeu a ler com a Herói. Um monte de pessoas que aprendeu a amar os heróis com a revista. Imagine que lindo!"
Está indo pra trinta. E é lindo mesmo.
Também porque o sucesso da Herói levou nossa editora a publicar Nintendo World, Pokémon Club, EGM Brasil, Dragon Ball e um monte de mangás e quadrinhos e SuperMenina e Smack!, e Robert Crumb e a Coleção Baderna, e levou a criarmos a Conrad Livros e a eu arrumar outras encrencas e cometer novos erros e celebrar novas vitórias e conhecer outras pessoas incríveis e…
E aqui estou.
Muito legal ler isso! Aqui , meu irmão e eu consumiamos muito, mas antes da Heroi, eu consumia a Bizz..... e falei uai é do cara da Bizz?! Rs ... ir a banca aos domingos, puro luxo..... a gente fazia amizade com o "jornaleiro" e daí ele "guardava" pra gente ...
Ainda há exemplares das duas por aqui 🥰
Uma baita duma história, um legado, uma força heroica! Eu comprei a Heroi número 2 por acaso e, na semana seguinte, consegui a 1. Nunca mais parei.