Tá pegando fogo a Kim Gordon na reta pro lançamento do seu álbum “The Collective”. Chega dia 8 de março. Chega logo, pô.
Outro dia soltou o single “Bye Bye”, com a filhota Coco. Nos brindou com “I´m a Man” ontem. Cooler than fuck videos too. Quem é mais cool que Kim? Ninguém.
Entrevistei Kim por telefone em 1989 na Folha. Eu não era lá o maior fã de Sonic Youth do planeta, muito menos grande conhecedor. Vamo que vamo.
A Folha obrigava a gente a perguntar a idade dos entrevistados. Na época não existia Wikipedia e aliás nem internet. Ela respondeu “thirtysomething”. Eu repliquei, gracinha, “como a série?”
Ela deu uma bufada de leve - era um seriado que na época fazia um sucessinho, sobre uns yuppies choramingas, a coisa menos punk do planeta - mas foi simpática com o bebê-entrevistador.
Kim tem hoje 70 anos. Donde tinha 36 em 1989. Já despontava como ícone de estilo. Outro dia li uma entrevista meio Vogue com ela, a repórter perguntava quem tinha influenciado Kim em termos de moda e tal, ela “Marianne Faithfull e Anita Pallenberg”.
Se você faz ideia de quem seja essa dupla, ou mesmo Kim, não tem problema. Também não te culpo por ignorares James Warren, editor de revistas e gibis cuja vida é bem contada em “Empire of Monsters”; ou China Miéville, que educa e diverte com seu “October”, cheio de fofocarias sobre a revolução russa; para não falar de Garth Ennis e Daniel Clowes, autores de dois gibis macabros sobre, hmm, feminismo e machismo, talvez: “The Ribbon Queen” e “Monica”.
Foram essas minhas leituras carnavalescas. Minha vida cultural, política, intelectual, profissional e afetiva foi totalmente colonizada por gente que pensa, fala, escreve, desenha, edita, canta e encanta e, putz, interneta em inglês.
Mas não me engano. Sou brasileiríssimo. Jamais seria tão feliz em outro país quanto aqui, mesmo convivendo com o que convivemos.
A prova dos nove é que adoro Carnaval. Quanto mais folia, tesão e anarquia, melhor.
Quer dizer, adoro conceitualmente. Pular mesmo, estou pulando essa parte faz tempo. O festejo aqui é rede, filminho, cozinha e namoro. E até trabalhei um pouco esses dias, onde já se viu. Já foi pior, em 1994 passei o Carnaval escrevendo e diagramando uma revista pôster do Pink Floyd.
Mas divirtam-se aí que esse fim de semana ainda dá tempo de aproveitar! Felizmente hoje tenho um herdeiro que me representa com glitter e tudo na Corte de Momo. Tocha entregue, dever cumprido.
E essa semana tem show do Lightning Bolt e ainda tem ingresso e você pode e deve comprar aqui.
No livro “EastWest Street”, o jurista franco-britânico Philippe Sands explica a diferença entre “genocídio” e “crime contra a humanidade”. O primeiro é muito difícil de provar, porque é necessário provar intenção específica. O segundo só requer provar as ações que levaram ao morticínio.
Ele também conta a origem dos dois termos, criados bem a tempo do julgamento de Nuremberg por dois advogados com história e estilos absolutamente díspares. Ambos vieram da mesma cidade, que já foi na Rússia e na Polônia e no império nazista e hoje é na Ucrânia: Lviv. É de onde veio o avô de Philippe. Que escondia um segredo. E…
Só leia. E siga Philippe.
Lembrei dele por causa dessa operação contra Bolsonaro, gravações etc. É um momento “Intocáveis”: o bandido periga rodar por um crime menor. Não dá pra pegar Al Capone por assassinato, vamos prender pelo que der, por sonegação, já ensinou Ellliot Ness…
Menor? Menor.
Quem tem uma pessoa querida que sofre, sofreu - ou morreu - por seguir as recomendações de Bolsonaro sobre o Covid, não tem dúvida de que Bolsonaro cometeu crime contra a humanidade.
O que nos resta?
Nunca esquecer e nunca perdoar.
Ribbon Queen é muito bom, André. :D
E se a galera acha que Ennis chutou o pau da barraca com The Boys, é porque não conhece sua OBRA-PRIMA gore: Crossed.
Post bacana, Forasta. Crítica ao novo álbum: as músicas têm mais de 4 minutos. Certo, isso equivale à uma introdução de uma música do Genesis, mas é o tempo que tem um álbum inteiro do Ramones.
Por sinal, quem está ao lado da Kim na foto?
Ab.
Cássio