A volta da HERÓI (e o futuro do jornalismo)
Um passeio 30 anos no passado e 15 minutos no futuro
Sexta dia 19, 19h: live com novidades 2024 sobre a HERÓI!
Com seu amigo aqui. Mais Mr. Herói himself, Odair Braz Jr., minha genial amiga e co-autora Arianne Brogini, o capo da Conrad Cassius Medauar e seu parça supremo Guilherne Kroll.
Será a abertura da CONRAD CON. Herói, Conrad, putz, até bateu aquela nostalgia agora…
Mas os melhores das nossa vidas são agora. Big news coming, see you!
Esta semana vimos o lançamento do NewsGPT.AI , o primeiro canal noticioso 24 horas 100% gerado por Inteligência Artificial. Repare que não usei o termo “jornalístico”.
É só o primeiro de muitos. Aliás, de infinitos, se a coisa correr solta como está tendendo a correr. Este NewsGPT é como se fosse um PC 286, só que o iPhone 13 chega daqui a três meses…
Evidentemente este canal NewsGPT tem viés. Todos terão. Muitos existirão especificamente, propositalmente para ter viés. Não existe espaço aideológico.
E os humanos não estão minimamente preparados pra lidar com a torrente que vem por aí.
É certo que sem jornalismo não haverá liberdade ou progresso. É melhor ter zero confiança na visão de jornalismo dos Tech Bros ou Wall Street. Regulamentação da IA, e do conteúdo gerado pela IA, noticioso inclusive, é peça-chave pra garantir nosso futuro. Mas não basta.
Nenhuma sociedade avançará com seu jornalismo piorando a cada dia que passa. Nem local, nem global. Com menos e menos financiamento, o negócio jornalístico só tende a rolar barranco abaixo.
Com seus muitos problemas a solucionar, a instituição “jornalismo” já tem algumas bases sólidas, depois desses 150 anos ou que o valha. O que está em risco mortal é o financiamento do jornalismo, até agora sustentado fundamentalmente por publicidade, com as conhecidas vantagens e desvantagens envolvidas.
Muito se fala sobre procurar novas alternativas. É mais prático relembrar e remodelar algumas bem tradicionais.
Uma das soluções que solucionam bem é o financiamento público dos veículos. Da mesma maneira que nossos impostos pagam por escolas públicas, ou o SUS, podem e devem pagar por jornalismo confiável.
E o veículo jornalístico que quiser sua parte da bufunfa pública que elimine o firewall. Jornalismo (e internet, e água, e…) são serviços públicos e devem permitir livre acesso por todos.
É preciso diferenciar o estatal do público. Jornalismo estatal é propaganda. Jornalismo público é a BBC ou a NPR, a RAI etc. Não são perfeitas, mas têm boa dose de independência editorial.
Dito isso, é claro que você pode e deve financiar com dinheiro público jornalismo feito por entidades privadas (com ou sem fins lucrativos). Eu adoraria ver a Agência Pública, o Congresso em Foco ou o Observatório do Clima com o triplo de orçamento por exemplo. E já passou da hora de ser reinventado o jornalismo local, que fiscaliza o vereador e a enchente na cidadezinha.
Hoje o dinheiro público já financia boa parte do jornalismo, só que via publicidade e privilegiando os veículos pra simpáticos aos donos do poder. No caso da cidade de São Paulo, por exemplo, temos tido milhões investidos em branded content para promover o atual prefeito, em todos os principais veículos consumidos pelo paulistano. Pior: testemunhamos a vomitante cumplicidade de grandes empresas de comunicação com as campanhas negacionistas assassinas de Jair Bolsonaro.
Muito melhor financiamento com dinheiro público feito de maneira transparente, com agência reguladora, fiscalização da sociedade e tudo mais. Tão aí dando sopa os exemplos de tantas empresas jornalísticas sérias mundo afora bancadas integralmente ou fundamentalmente por dinheiro público.
O Brasil pode e deve imitar essas soluções gringas, fortalecendo o que já há de bom por aqui. Não precisa reinventar a roda. Não é utopia pro século 22, é viável em 15 minutos. E aliás as Big Techs vão ter que pagar pelo conteúdo que usam para treinar suas IAs, ou vão fechar - o processo do New York Times é só o primeiro de muitos, e a OpenAI acaba de reconhecer para o legislativo britânico que é impossível treinar o ChatGPT sem usar fontes protegidas por direitos autorais.
Claro que este modelo pode facilmente virar dinheiro fácil pra empresário pilantra. Mas o caminho para garantir o bom uso dos recursos públicos, seja em jornalismo, vacina ou merenda, é mais fiscalização independente.
Mais jornalismo. E não menos.
Texto excelente como instigador de uma reflexão séria sobre um assunto sério. Mas subentende-se com a leitura, um conceito jornalístico com certa ancoragem em uma verdade ampla, independente do que queríamos ou não ler. O "jornalismo" do porvir aponta para "informações" condicionadas ao gosto de determinados nichos. Como na música: quando que poderíamos imaginar não ter ouvido as mais tocadas? Há um certo tempo as ouvíamos para o bem e para o mal.