A Inteligência Artificial vai aposentar a professora
Não é "se". É quando e como. E não é problema. Pode ser solução
O que é um professor? Uns 90% do tempo é um profissional que dá matéria, escreve na lousa, lê trechos do livro, passa e corrige exercícios, indica leituras, responde dúvidas. Fora da sala, prepara aula e corrige prova.
Na boa? Tudo isso será substituído facilmente pela Inteligência Artificial. Basta implementar o que já tá aí, e chegando daqui a pouquinho, e dá para aposentar o professor.
Pelo menos o professor como ele é hoje. Sim, a educadora também está lá para interagir de maneira personalizada e humana. Transmitir toda sua experiência e perspectiva. Estimular o aprendizado em grupo. E etc. e tal e tudo aquilo.
Na prática, quanto tempo nossos mestres têm disponível para dedicar a esta parte crucial do ensino? Dez por cento?
Outro dia nosso camarada Tocha Alves surprendeu os amigos com um vídeo. Depois ele surpreendeu a gente mais ainda com o vídeo seguinte. E agora tem o 3.0. Com professores-avatares mais naturais, balançando a cabeça, mexendo os ombros. Fazendo… piadas? Fazendo pensar. Assista abaixo.
Tocha teve produtora própria e trabalhou nas melhores do mercado, como a O2 e a Conspiração. A empresa dele, a Pinball Education, é especializada em Ensino à Distância, e pioneira na produção de vídeos educacionais usando inteligência artificial. Depois que o primeiro desses vídeos circulou, teve matéria no Estadão sobre a Pinball e até investidor batendo na porta.
É previsível um cabo-de-guerra entre educadores humanos e robóticos. Entre pedagogos e desenvolvedores. E entre os sindicatos de professores e os grandes patrões da educação.
Tanto os decisores na gestão pública, mais permeáveis a pressões políticas, quanto os do setor privado. Onde no final do ano letivo a prova dos nove é o dividendo para os acionistas.
“Produtividade” é outra maneira de dizer “fazer mais com menos”, inclusive e principalmente menos funcionários. Mesmo que não saia tão bem feito assim. Para o mercado adotar uma tecnologia nova que aumente seus lucros ela não precisa ser perfeita - basta ser “good enough”.
Vamos ouvir o Bill Gates, que bate forte nesse lado filantropo mas teima em um realismo brutal sobre negócios, american-style? Ele garante que já já a IA estará ajudando os professores a alfabetizar a criançada. Logo depois assumirá a parte da Matemática também. Logo quando? Em 18 meses.
Utopia? Distopia? Prefiro crer na visão humanizada do Tocha e de outras cabeças por aí, que buscam um equilíbrio socialmente justo para o novo mundo da IA.
Não precisamos nos assustar com a hipótese da IA assumir o trabalho repetitivo que hoje ocupa 90% do tempo do professor. Nem dela robotizar o estudante. Só não adianta o professor esconder a cabeça feito avestruz.
É preciso entender a IA e fazer dela uma libertação para os mestres e jamais uma prisão para os alunos.
Livre de tarefas automatizáveis, o profissional ganhará um tempão extra para ser um educador muito mais completo, cada vez mais necessário. Para fazer na sala de aula, e fora dela, coisas muito mais interessantes, provocantes e engajantes - para os alunos e para si mesmo.
Para isso será preciso investir um dinheiro muito maior em salários, condições, estrutura. Em treinamento contínuo para professoras de carne e osso. Disso virá grande retorno em capital humano, e em sociedades mais informadas, empáticas, justas.
Como você pode imaginar, essa grana não está garantida. A grana pra investir em nossos inevitáveis instrutores virtuais, esta os mercados garantirão. É uma questão de política, não só de tecnologia. Como sempre.
E para uma perspectiva sobre o tema de quem trabalha com IA faz muito tempo, e está encarando esta questão todo dia, leia este artigo do Alex Winetzki.
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